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Praticar esportes com regularidade traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental, além de melhorar a qualidade de vida. Para as pessoas com deficiência, os ganhos são ainda maiores. Aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. No aspecto social, proporciona a oportunidade de sociabilização entre quem tem e não tem deficiência, além de aumentar a independência no dia a dia. Pensando nisso, a Presidente do Instituto Ohana Hui, Iara Stella, criou o projeto Surf Special, com o objetivo de promover inclusão e sociabilização de PCDs por meio dessa modalidade esportiva.
Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU (2018) aproximadamente 15% da população mundial possui algum tipo de deficiência, chegando em torno de 1 bilhão de pessoas. Este número cresceu significativamente se comparado com os dados da ONU de 2013, sendo que as pessoas com algum tipo de deficiência representavam 10% da população mundial (cerca de 650 milhões de pessoas), dos quais 80% eram residentes de países em desenvolvimento. O Brasil que é um destes países possui, atualmente, 46 milhões de brasileiros (aproximadamente 24%) que se declararam pessoa com deficiência (PCD), no último censo do IBGE de 2010. Somente no Guarujá, existem hoje, mais de 41.000 pessoas portadoras de algum tipo de deficiência de acordo com o último levantamento da Assessoria de Políticas Públicas de PCDS da Secretaria Seres da Prefeitura do município. Diante desta perspectiva, é possível perceber o aumento na quantidade de pessoas com deficiência praticantes de esportes que buscam estimular suas potencialidades em benefício do seu bem-estar físico e/ou psicológico. Mas nem sempre essas práticas são adaptadas e acessíveis.
O projeto Surf Special foi criado no Guarujá, litoral de São Paulo em janeiro de 2019, onde são realizadas gratuitamente atividades e aulas de surf adaptado para pessoas com qualquer tipo de deficiência física (comprometimento motor), múltipla, visual, auditiva ou intelectual. São utilizados materiais adaptados, com profissionais capacitados e metodologia específica, visando o bem estar e desenvolvimento físico, cognitivo e emocional dos participantes, estimulando a superação físico-emocional e aprimoramento das relações interpessoais dos alunos.
O projeto atua através de diversas vertentes como: atendimentos individuais, atendimentos coletivos, realização de ações inclusivas e participações em eventos/campeonatos/festivais de surf, nos quais os alunos são distribuídos em categorias diferentes de acordo com sua idade e tipo de prancha, participando com os atletas regulares das categorias, e sendo premiados pela valorização de suas conquistas e pelo reconhecimento de superações que respeitam a limitação, condição e individualidade de cada um. Atualmente, o Surf Special realiza mais de 500 atendimentos e vivências nas quais mais de 100 pessoas com deficiência tem seu primeiro contato com o mar.
Para alunos com diagnóstico de deficiências múltiplas ou físicas, o atendimento inicia-se pelo contato e avalição de um fisioterapeuta. A par da individualidade, características, condição e diagnóstico do aluno, os monitores de surf preparam e adaptam o material de acordo com a necessidade de cada um. A preparação do aluno ocorre seguindo os procedimentos de transposição do protocolo de atendimento para casos severos (transposição da cadeira de rodas – cadeira anfíbia – prancha de surf). Inicia-se a aula de surf com 2 a 4 monitores de surf supervisionados por um educador físico e acompanhados pelo fisioterapeuta que auxilia na adequação postural, prática preventiva e progressiva do aluno. Ao final da prática, realiza-se a talassoterapia, um momento relaxante integrativo entre praticante-ambiente.
Sobre o projeto
O Surf Special foi idealizado pelas integrantes do Instituto Ohana Hui. A equipe Ohana, é composta por uma família que realiza projetos sociais no Guarujá. No início de 2019, através de Jordano Paiva, Técnico de equipamentos especiais, Iara Stella, Presidente do Instituto Ohana Hui, conheceu o trabalho de Cisco Araña, Educador físico que trabalha com surf adaptado há mais de 30 anos em Santos, com uma metodologia de ensino específica e desenvolvimento de materiais adaptados para a prática deste esporte. Cisco, comovido pelo histórico de realizações de ações sociais, incentivou a realização e criação do projeto com surf adaptado no Guarujá orientando as experiências iniciais. Atualmente, o Surf Special realiza mais de 500 atendimentos e vivências nas quais mais de 100 pessoas com deficiência tem seu primeiro contato com o mar. O objetivo do projeto é ampliar a frequência e o número de atendidos, tanto nas aulas sistemáticas que ocorrem semanalmente quanto nas eventuais atividades coletivas, aumentando o número de beneficiados diretos (alunos) e beneficiados indiretos (familiares, cuidadores, professores, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos).